Você provavelmente nunca ouviu falar em he-cession. Em português, não há tradução direta. Seria algo como ” a recessão masculina”. O termo surgiu na blogosfera norte-americana como uma brincadeira. Atenta para o fato de que as principais vítimas da recessão econômica por lá são os indivíduos do sexo masculino. Para o jornalista Reihan Salam, nascido em Bangladesh e naturalizado americano, a atual crise deflagrou o fim do império masculino sobre as mulheres. Foi o que ele escreveu em um artigo na Época Negócios deste mês. “Não será o fim do mundo das finanças, e não será também o fim do capitalismo. O que não sobreviverá é o macho”.
O argumento por trás dessa ideia é que, além dos principais causadores da recessão, os machos foram também os mais afetados por ela. Foi por um excesso de ambição tipicamente masculina – gosto pelo risco, agressividade – que eles nos conduziram ao fracasso.
A construção civil, epicentro do crise, é dominada por homens. O mercado financeiro, agente do caos, também é povoado predominantemente por eles. “Foram os bancos de investimento em uma competição fálica que nos botaram nessa situação – e se divertiram muito com isso”, escreveu ele, reproduzindo frases de Halla Tomasdottir, uma executiva de um banco islândes.
Mais de 80% dos profissionais que perderam o emprego desde novembro passado nos EUA são homens. Se somados ao número de machos demitidos na Europa, a quantia de desempregaDOS chega a 7 milhões. Ao passo que os setores dominados pelas mulheres – saúde, educação e setor público -, foram os menos afetados. “É claro que o macho é uma questão de estado de espírito, e não apenas uma questão de ter emprego”, escreveu o jornalista.
A argumentação é endossada por Obama, ao comentar a transferência de poder dos homens para as mulheres. Ele disse a The New York Times que os empregos na construção civil nos EUA não desaparecerão, mas serão uma parte menor da economia. “Como consequência, as mulheres devem se tornar as principais responsáveis pelo ganha-pão em casa”, disse o presidente americano.
Para Salam, as mulheres se saíram como as grandes heroínas da crise. Ele cita o caso da Islândia, que quase entrou em colapso econômico no final do ano passado e elegeu uma mulher para consertar a situação – Johana Sigurdadottir é a primeira líder do mundo declaradamente lésbica. A Lituânia, endividada, seguiu o mesmo caminho. Elegeu Dalla Grybauskaite, economista, para governar o país.
“Essa transferência substancial de poder dos homens para a as mulheres deverá se acelerar daqui para frente. Mais pessoas se darão conta de que foi o comportamento agressivo e ávido pelo risco que fez com que os homens se entrincheirassem no poder. Um poder que hoje se revela destrutivo e insustentável em um mundo globalizado”, argumentou o jornalista.
Embora a economia brasileira não tenha afundado como as dos EUA, Islândia ou Lituânia, parece que a tendência reverbera por aqui. Será que as candidaturas de Dilma e Marina retratam o início de uma nova erai?
Olá passando em seu blog e aproveito para divulgar o meu que se chama Folhetim Cultural. Todos os dias da semana noticiário cultural e nos sábados.
ResponderExcluir7 da manhã: No café da manhã com poesia
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